DESPERDÍCIOS E OPORTUNIDADES PARA O USO DO GNV NO AMAZONAS

"Esse é um desperdício somente explicável pela inércia ou desconhecimento de causa dos gestores públicos municipais e dos ex e atuais governantes, que esperamos que sejam superados por uma nova consciência de governança". 

 Por Cristóvam Luiz


Ilustração: Gustavo Galiazzi - ABEGÁS 


 Os países da Europa que adotaram o Gás Natural Veicular (GNV) perceberam ao longo dos anos, que desenvolver tecnologias para o uso deste combustível seria o melhor “remédio” para o crescimento desse mercado. A partir da premissa de que o interesse dos usuários por um combustível mais econômico aumenta a demanda por produtos e serviços para uso do GNV, os empresários europeus iniciaram um processo evolutivo sem precedentes. 

Vale lembrar que a Itália já utiliza o gás como combustível veicular a mais de 50 anos. A Europa é referência no uso deste combustível e os eventos mais importantes para o mercado de GNV acontecem nesse continente. Demandados por seus avanços tecnológicos, os produtores europeus são solicitados pelas montadoras e distribuidoras de veículos italianas, para a elaboração e execução de projetos para uso do GNV em veículos novos. Como exemplo, podemos citar o pátio da BRC Itália, fabricante de produtos para GNV, localizado na cidade de Cherasco/Itália, onde são instalados os sistemas para utilização de GNV nesses veículos. 

Os sistemas instalados são de última geração e obedecem aos critérios técnicos de projeto dessas montadoras e discutidas em conjunto com o fabricante do sistema para GNV. Várias cidades europeias como Barcelona e Madri, na Espanha, Roma, na Itália, Prague na República Tcheca, já utilizam ônibus e caminhões movidos a GNV. Outros países como a Inglaterra, a Alemanha, a Polônia e a Noruega já adaptaram-se ao uso de transportes coletivos ou de serviços públicos especiais, Nas Américas há também adaptações de frotas nos EUA, no México, no Peru, no Chile.


Fonte: Gustavo Galiazzi - ABEGÁS 

 Uma boa notícia no Brasil é a existência de fábricas da Volkswagen/MAN desenvolvendo motores eletrônicos Diesel-Gás (DG/Flex). A fábrica da Mercedes Benz produz o motor modelo 447 dedicado ao Gás Natural e exportando para os EUA, Europa e Ásia. É inadmissível que na região metropolitana de Manaus e em várias cidades amazonenses, que possuem uma grande oferta de Gás Natural Veicular, advindos dos poços de Coari, ainda estejamos utilizando uma fonte de combustível poluente e caro como o óleo diesel em nosso Sistema de Transporte, e notadamente pelo fato de que o Estado do Amazonas constitui-se como o terceiro maior produtor brasileiro de GNV. 

Esse é um desperdício somente explicável pela inércia ou desconhecimento de causa dos gestores públicos municipais e dos ex e atuais governantes, que esperamos que sejam superados por uma nova consciência de governança. 

Como se sabe, o Gás Natural Veicular emite menos dióxido de carbono para a atmosfera, sendo, portanto, menos poluente. Também é expressivamente mais barato, e em Manaus há uma super-oferta desse combustível, o que se conclui que seu uso nas frotas de veículos que fazem parte das atividades laborais da Prefeitura Municipal de Manaus, e sua região metropolitana, pode se constituir num grande resultado para o meio-ambiente, para a economia da capital e do Estado e para uma possível redução de custos do sistema operacional, num momento tão importante de controle de gastos públicos e de valorização de políticas públicas de proteção ambiental. 

Para essas diretrizes, é importante a interação entre o Governo do Estado e as Prefeituras. É necessário também que haja sensibilidade dos demais órgãos públicos, como o apoio do Poder Legislativo na aprovação de planos e projetos (PPAs e Projetos de Lei), corroborando com a necessária interação interinstitucional e intergovernamental. Cabe ressaltar que a almejada sustentabilidade pode ser construída ponderando racionalmente, dentre outros, o uso e consumo do combustível utilizado pela frota veicular que circula pela rede viária do Município bem como o custo dos combustíveis usados tradicionalmente (gasolina, etanol, diesel) e os poluentes que emitem para a atmosfera. 

Considerando que o Gás Natural desempenha um papel estratégico como fonte de energia numa cidade sustentável, somado à reconhecida relação custo/benéfico, bem como as vantagens ambientais da sua utilização no setor de transporte. Adotar o GNV na frota veicular do Serviço Público constitui um importante fator de valorização do esforço nacional pelo desenvolvimento do setor de transportes públicos com sustentabilidade. Em recente contato com a gestão da Companhia de Gás do Amazonas – CIGÁS – foram apresentados por este autor duas Proposições (anteprojetos de Lei), que deverão ser sugeridas à Assembleia Legislativa e à Câmara Municipal de Manaus objetivando essa ação de governo.

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 *Cristóvam Luiz é professor, autor dos livros eletrônicos “Redação em Multimídia”, lançado em Manaus, “Redação para Vestibulares e Concursos”, lançado em São Paulo e “Redator Legislativo”, lançado em Brasília. Também é autor das obras "The Map, the Mine and Dreams - A little adventure in the Amazon" ; "Como Elaborar Proposições Legislativas Eficazes", e "Constituição do Estado do Acre (Atualizada até a Emenda Constitucional Nº 68, de 04/01/2023) recém lançadas. É co-fundador do Fórum para o Desenvolvimento Regional e do Fórum de Controle Social no Amazonas.

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