Ferrovia do Nióbio: A Geodiversidade da Amazônia para o Desenvolvimento Nacional (Por Cristóvam Luiz)
Ilustração e Arte: Tiago Gondim
O Nióbio é um metal raro no mundo, mas abundante no Brasil, considerado fundamental para a indústria de alta tecnologia e cuja demanda tem aumentado nos últimos anos. Trata-se de um mineral usado como liga na produção de aços especiais e um dos metais mais resistentes à corrosão e a temperaturas externas. Quando adicionado na proporção de gramas por tonelada de aço, confere tenacidade e leveza. O Nióbio é atualmente empregado em automóveis, turbinas de aviões, gasodutos, em tomógrafos de ressonância magnética, na indústria aeroespacial, bélica e nuclear, além de outras inúmeras aplicações como lentes e lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos e até em naves espaciais.
Contextualizando a região amazônica, atualmente detendo uma das mais ricas reservas da geodiversidade existente no planeta e localizando o eixo entre o Município de São Gabriel da Cachoeira, na região oeste do Estado do Amazonas e o município de Caracaraí, na região sul de Roraima, vamos confirmar, através de estudos realizados nos anos 70 e 80 pela Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais – CPRM, e pelo Projeto RADAMBRASIL, como uma das mais prósperas regiões de depósitos minerais estratégicos para o mundo. Segundo apontam os estudos feitos, os depósitos minerais de Nióbio da região dos Seis Lagos, representam muitos trilhões de dólares, dormitando em berço esplêndido. Além disso, no trecho apontado encontram-se os mais expressivos componentes da geodiversidade, entre os quais granitos, pedras semipreciosas, cassiterita, ouro e outros minerais. Isso por si só, já deveria ter merecido atenção especial dos governantes brasileiros como fonte alternativa de riquezas, geração de emprego e renda para os brasileiros, além da geração de expressivos tributos para a máquina pública brasileira.
Nesse diapasão, tive o prazer de apresentar no dia 28 de março de 2019, na palestra que me foi confiada com o tema: “Cases de Pesquisas, Desenvolvimento e Propostas para o Setor Mineral no Amazonas”, durante a realização do I SEDEMINERAM, que ocorreu no Auditório João Bosco Ramos de Lima, na ALEAM, em Manaus-AM, um resumo de Propostas para Governança. No resumo das Propostas, foi inserida a indicação do Anteprojeto para o Desenvolvimento de Estudos e Projetos para a Viabilização da Ferrovia do Nióbio, ligando especificamente os Estado do Amazonas e Roraima, aproveitando o traçado da Perimetral Norte. O indicativo supramencionado foi publicado em http://www.amazonfiatlux.blogspot.com
Ressalta-se para o bom entendimento do tema que o termo “geodiversidade” foi empregado pela primeira vez em 1993, na Conferência de Malvern (Reino Unido) sobre “Conservação Geológica e Paisagística”. Inicialmente, o vocábulo foi aplicado para gestão de áreas de proteção ambiental, como contraponto a “biodiversidade”, já que havia necessidade de um termo que englobasse os elementos não-bióticos do meio natural (SERRANO e RUIZ FLAÑO, 2007). Todavia, essa expressão havia sido empregada, na década de 1940, pelo geógrafo argentino Federico Alberto Daus, para diferenciar áreas da superfície terrestre, com uma conotação de Geografia Cultural (ROJAS citado por SERRANO e RUIZ FLAÑO, 2007, p. 81).
Owen et al. (2005), em seu livro “Gloucestershire Cotswolds: Geodiversity Audit & Local Geodiversity Action Plan”, consideram que: Geodiversidade é a variação natural (diversidade) da geologia (rochas minerais, fósseis, estruturas), geomorfologia (formas e processos) e solos. Essa variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos fazem com que essas rochas, minerais, fósseis e solos sejam o substrato para a vida na Terra. Isso inclui suas relações, propriedades, interpretações e sistemas que se inter-relacionam com a paisagem, as pessoas e culturas. (In Geodiversidade do Estado do Amazonas – Programa Geologia do Brasil, CPRM, ano 2010).
Convém salientar que a geodiversidade do eixo supramencionado tem despertado a atenção e a cobiça internacional de ONGs, gestores do capitalismo de domínio e de nações que querem “preservar” o meio-ambiente na Amazônia, embora não tenham preservado o meio-ambiente em seus países. Essa é uma questão em que o povo brasileiro terá que se debruçar para estudar, debater e sobretudo defender o desenvolvimento para os povos originários que souberam preservar essas riquezas numa região inóspita, rica e bela. Aliás, expressivas lideranças de tribos indígenas da Amazônia têm manifestado profundo interesse em viabilizar parcerias e explorar as riquezas de suas terras, em benefício dos povos e nações que habitam nessa região carente de políticas públicas mais eficazes. As tecnologias existentes na atualidade, para a construção de ferrovias, podem sem sombra de dúvidas transformar essa região numa grande produtora de riquezas para o Brasil. Além disso, a construção de ferrovias reduz os impactos do desmatamento, ampliando a infraestrutura de mobilidade urbana e rural, aumentando também os fluxos produtivos e de geração de empregos, hoje tão necessários para o país.
A GEODIVERSIDADE E OS PROJETOS DE INTEGRAÇÃO
Um registro histórico também importante é de que essa região foi inserida no Plano de Integração Nacional – PIN e na realização de obras rodoviárias para o desenvolvimento do país, na década de 1970, durante os governos militares, culminando com a viabilização de ações necessárias de integração em três Estados da região Norte, comprovadamente ricos em biodiversidade e geodiversidade. A conclusão da Rodovia Perimetral (BR-210) é uma necessidade de longos anos.
Nesse período, tão criticado pelos movimentos da esquerda brasileira e pelas ONGs de vários países desenvolvidos, foram traçados os rumos de mobilidades interestaduais na região Norte do Brasil e inseriu essa região no contexto do desenvolvimento nacional por meio do traçado da Perimetral Norte, ligando os Estados do Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, através da Rodovia BR-210 (Vide mapa acima), cujo projeto precisa ser urgentemente adaptado ao Plano Nacional de Desenvolvimento Regional e concluído através de políticas eficazes de governança, tanto pelos gestores dos Estados envolvidos quanto do próprio Governo Federal.
0 TRANSPORTE DE MINÉRIOS PELA “FERROVIA DO NIÓBIO”
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O transporte por via ferroviária é atualmente uma das melhores opções para alavancar o desenvolvimento, devido aos fatores ligados à sustentabilidade, por possibilitar um menor impacto na intervenção da natureza e menor impacto na poluição ambiental. Na economia: os custos para a construção de ferrovias são expressivamente menores e sua manutenção é muito mais fácil. Possibilita ainda o transporte de maior volume de cargas e baixo custo em percursos de longas distâncias e sem pagamento de pedágios, com menor índice de roubos de cargas ou acidentes. Além disso, é garantida a empregabilidade para os trabalhadores do setor, na manutenção e conservação da ferrovia e nos inúmeros serviços vinculados ao turismo, ao comércio e à indústria.
Ressalte-se que os mais modernos equipamentos e máquinas para uso nas ferrovias já são fatores de redução de emissão de dióxido de carbono na natureza, a exemplo do uso de combustíveis menos poluentes como o biodiesel e o gás natural, abundantes na região amazônica. Tudo isso favorecido pelo afastamento dos riscos de congestionamentos e os estresses naturais que se observa nas rodovias. Quer mais?
A inserção de tecnologias modernas permitem atualmente a adaptação de condução automática de trens, com o uso de um sistema conhecido como Trip Optimizer, desenvolvidos pela Companhia Vale e pela GE Transportation, que permite conduzir automaticamente seus trens com computadores de bordo, como mais um recurso à disposição do maquinista, como ocorre com o piloto automático de um avião. Sem dúvidas, essas tecnologias serão bem-vindas na “Ferrovia do Nióbio”.
OS ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
Os Estados do Amazonas e de Roraima possuem forte vocação geoturística devido a sua rica geodiversidade abrigar uma série de locais considerados de interesse ecológico e geocientífico, os quais constituem o patrimônio geoturístico da região. Muito ainda precisa ser feito com relação ao levantamento e detalhamento desse patrimônio, mas, de maneira geral, ele pode ser dividido em: espeleológico, geológico, geomineiro, sítios geológicos e geoparques, além de inúmeras áreas de grande beleza cênica. A ferrovia do Nióbio, ora em fase embrionária, terá, num futuro breve, essa grande oferta de atrativos geoturísticos para mostrar as belezas naturais dessa região para o mundo.
ATRATIVOS PARA INVESTIMENTOS E POLÍTICAS PÚBLICAS EFICAZES
A gestão do Presidente brasileiro Jair Bolsonaro tem sinalizado positivamente para as boas iniciativas nas relações diplomáticas com países desenvolvidos onde se tem despertado o interesse pelos investimentos no Brasil. Esse caminho é uma das alternativas para a abertura de parcerias internacionais na busca de recursos para a realização de projetos na infraestrutura.
Outro indicativo para investimentos na construção da Ferrovia do Nióbio seriam os recursos próprios das instituições bancárias brasileiras, como o BNDES, que investiram volumes expressivos de recursos na infraestrutura de outros países nos últimos anos. É hora do Brasil levar a sério a administração de recursos do país em benefício dos próprios brasileiros.
Os gestores públicos do Estado do Amazonas e do Estado de Roraima, através dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, certamente estarão dispostos a incluir em seus planos de Governo, em suas agendas positivas de governabilidade, e na defesa intransigente do desenvolvimento regional e nacional esses lídimos direitos dos povos amazônicos ao usufruto de suas riquezas. A “Ferrovia do Nióbio” se insere no rol dos projetos mais urgentes e necessários para a governança de políticas públicas eficazes à integração, à segurança de fronteiras, ao desenvolvimento regional e nacional, assim como ao estado democrático de direito. Convém portanto reivindicar a liderança dos senhores governadores do Amazonas, de Roraima, do Pará e do Amapá para efetuarem agendas comuns na condução de políticas governamentais interregionais e de sensibilização dos demais brasileiros para o usufruto de benesses que outros Estados e outros países já usufruem há muitos anos em termos de mobilidade e desenvolvimento.
Bibliografia e Consultas:
1. Geodiversidade do Estado do Amazonas – Programa Geologia do Brasil, CPRM, ano 2010);
2. Website da Companhia Vale no link www.vale.com/br/pt;
3. Carta do Amazonas oriunda do I Seminário para o Desenvolvimento do Setor Mineral no Amazonas – I SEDEMINERAM, realizado nos dias 28 e 29 de março de 2019, no Auditório João Bosco Ramos de Lima, na ALEAM, em Manaus-Amazonas;
4. Artigo publicado em http://www.amazonfiatlux.blogspot.com com o tema: “Pesquisas, Desenvolvimento e Propostas para o Setor Mineral no Amazonas” deste autor;
5. Monopólio brasileiro do nióbio gera cobiça mundial, controvérsia e mitos - Artigo de Darlan Alvarenga, publicado em 09.04/2013 no Portal G1, no link http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2013/04/monopolio;
6. Consulta Wikipédia (http://pt.m.wikipedia.org) sobre a Rodovia Perimetral Norte (BR-210).
*Cristóvam Luiz é professor, microempresário de mineração, autor dos livros eletrônicos “Redação Oficial e Comercial em Multimídia”, lançado no Studio 5 Festival Mall, em Manaus (AM) “Redação em Multimídia para Vestibulares e Concursos”, lançado no ITM Expo, em São Paulo (SP), “Redator Legislativo”, lançado em evento do Congresso Nacional em Brasília (DF). Foi co-fundador do Fórum de Controle Social – FOCOS e do Fórum para o Desenvolvimento do Amazonas. Contato: cristovamluiz@bol.com.br




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